Leite materno dá boleia a uma bactéria amiga
22-08-2010 01:07
Foi dado mais um passo na descoberta da composição do leite materno e das funções dos seus inúmeros ingredientes. A parte que não é digerida é, afinal, muito importante.
Uma subespécie da Bifidobacterium longum tem um conjunto de genes que lhe permite viver no leite humano. Ela está presente nas fezes dos bebés amamentados e reveste as paredes interiores do intestino, protegendo-o de bactérias nocivas, mas nunca foi encontrada em adultos. Se os bebés não nascem com ela e a desenvolvem nos primeiros meses, essa família de bactérias só pode vir do leite materno, mais concretamente na sua parte não digerível.
Esta parte do leite, que permite o desenvolvimento da bactéria maravilha, é constituída pelos tais açucares complexos, derivados da lactose. Pensava-se que eles não tinham qualquer relevância, uma vez que não serviam o propósito da nutrição. O ADN humano não tem genes capazes de quebrar essas moléculas, e por isso não as digere. Mas a Bifidobacterium longum contém esses genes. Os açucares complexos servem para transportar.
O organismo da mãe encontrou uma estratégia para dar uma protecção extra ao bebé, adaptando a composição do leite para poder oferecer-lhe um componente externo, que pode salvar-lhe a vida. Além da função de revestimento da parede intestinal, promovendo o desenvolvimento das bactérias da família Bifidus, a bactéria serve de isco a bactérias nocivas.
200 milhões de anos de aperfeiçoamento: só pode ser bom!
Os investigadores estão a esmiuçar a composição do leite humano materno, pois consideram-no «um impressionante produto da evolução natural», resultado de 200 milhões de anos de aperfeiçoamento. E se é importante conhecer todos os ingredientes e as suas funções, desenhados especificamente para o desenvolvimento ideal de um bebé, também acreditam que ele pode fornecer informações sobre formas engenhosas de alimentar e proteger o organismo, seja qual for a fase da vida.
Fonte: IOL Mãe
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